principalmente etc.

[índice]

como você deve saber, eu ensino português e escrevo histórias 1. o resultado mais recente deste segundo esforço é uma pequena coletânea com seis contos chamada "contos de amor e cansaço" — a capa, você vê na foto a seguir, o nome dos contos, na foto mais abaixo.

contos-amor-e-cansa-o-capa

quando você lança um livro, uma quantidade fica com o autor, para se encarregar de distribuí-los ou vendê-los (as minhas já estão acabando, por sinal já acabaram2, mas providenciei outras 3). mas não vou, agora, tentar tirar 37 reais de você. a ideia agora é falar um pouco de como eu cheguei a este livro.

tictic

foi fácil, mas levou 30 anos.

as histórias já estavam escritas, mas andavam desorganizadas pelos meus arquivos de word da vida. todas elas vieram de ideias que eu não devia ter tido e, certamente, eu esqueci de muita coisa importante por ficar lembrando delas e devo ter deixado algo por fazer enquanto as escrevia — mas acho que está tudo bem agora4.

não consegui me livrar das ideias, então as escrevi. a seguir, um pouco sobre cada um dos contos5.

  1. [reconstrução]

tem uns emails na minha caixa de saída que datam o primeiro conto de março de 20216.

a ideia veio de um artigo da piauí, tradução de um texto da batuman, sobre serviços de contratação de familiares no japão. basicamente, agências com atores que trabalham segundo um script que lhes é pedido. no artigo, me chamou atenção o fato de um pai reatar o relacionamento com uma filha com quem não falava há anos, e a principal motivação para isso foi a convivência com a filha falsa, que contratara para matar saudade da filha afastada.

fiquei pensando no quanto dos relacionamentos verdadeiros é fantasioso e vice-versa?

tudo isso me fez pensar se aquilo que a gente chama de autêntico, especialmente nos nossos relacionamentos, é apenas o que se pode ignorar.

coloquei essas ideias na cabeça de um arquiteto dono de uma startup da construção civil no japão que foi abandonado repentinamente pela atriz que finge ser sua esposa todos os dias, só pra que ele tenha alguém com quem jantar todas as noites.

enfim, a ficção é a mentira que torna a realidade mais verdadeira.

  1. [escute seu corpo]

é aqui que começa o cansaço de "contos de amor e cansaço".

esse conto era pra ter sido uma crônica da minha newsletter "principalmente etc." de 2022. mas, constantemente, as crônicas viravam conto.

a ideia aqui é simples: há bens que vêm pra males.

o personagem principal da história que, por não ter nome, vamos chamá-lo de “você”, foi promovido. com o acréscimo de responsabilidades, você ficou incapaz cuidar da própria saúde até que uma experiência religiosa7 esquisita e um fato insólito levaram você pro hospital.

nessa história, e em tantas outras, o cansaço representa um papel muito importante pra você. o cansaço, quase sempre, é uma experiência mais religiosa do que se poderia pensar.

enfim, não é uma ideia complicada. é uma ideia bem simples.

  1. [uma xícara ao meio]

talvez a ideia inicial tenha vindo da música "metade", da adriana calcanhotto. na canção, o eu lírico vive esse momento suspenso de perder alguém e não se encontrar mais inteiro. agora é metade. no último verso, antes do refrão, adriana canta "eu não moro mais em mim".

no meu conto, o relato de alguém que havia ido embora sem ter saído do lugar. foi embora de si. deixou pra trás vários acidentes. dentre eles, uma xícara quebrada de maneira curiosa.

  1. [o martelo da culpa]

talvez o martelo da culpa tenha saído de uma sessão de terapia, mas não necessariamente de algo que eu ou o psicólogo tenhamos compartilhado.

e sim de alguma leve sugestão do tipo de mal estar que a culpa causa. nessa época, na primeiramente etc., eu estava escrevendo várias crônicas8 e contos sobre como o desgaste mental se transforma em cansaço físico. [escute seu corpo] é da mesma leva.

a ideia aqui, em linhas gerais, é a utilização do corpo físico pra exorcizar demônios psíquicos, que podem ser encarados como mais, ou menos, espirituais a depender do nosso nível de ceticismo.

  1. [a vida pregressa dos móveis]

dizem que um pai não pode ter um filho favorito. mas um conto não é um filho e, dos contos que estão neste [índice], [a vida pregressa dos móveis] é o meu favorito. talvez por ser o mais recente dessa coletânea, talvez por eu ter misturado coisas que eu já gostava com ideias novas. algo que se lê aqui vai junto de algo se ouve ali e acolá misturado com experiências (minhas e de outrem) resultando nesse conto algo direto e algo misterioso. afinal, como alguém pode se tornar um móvel?

esse conto, vale lembrar, também saiu na edição de março de 2024 do jornal relevO9.

e aqui chega o fim do [índice] comentado sobre o meu livro. vamos aos pedidos?

se tiver interesse em comprar, deixe seu nome no formulário abaixo, assim que as edições novas chegarem, vou entrar em contato pelo whatsapp e vender exclusivamente para as pessoas dessa lista (onde quer que estejam no brasil).

link: https://forms.gle/CxbpqWko8GGGnZfS7

notas de rodapé

  1. não necessariamente nessa ordem;

  2. foram 28 livros vendidos, 2 não pagos e 1 misteriosamente desaparecido;

  3. aguardo, nesse momento, mais 30 exemplares pra espalhar por aí;

  4. espero;

  5. posts que eu também fiz no meu instagram;

  6. mas eu não confio;

  7. o cansaço enquanto experiência religiosa, curiosamente, também é um texto que fala do processo de criação desse livro de contos leia aqui https://principalmenteetc.substack.com/p/o-cansaco-enquanto-experiencia-religiosa;

  8. quem sabe um livro, futuramente, com algumas das crônicas propriamente ditas;

  9. assine o relevO https://jornalrelevo.com/assine/.