as silenciosas primeiras horas da manhã
tem algo nelas
linhares, 21 de julho de 2024
hoje eu saí cedo pra comprar pão. as padrarias mais próximas do meu condomínio estavam fechadas; então, tive que andar pelo bairro em busca de outra padaria. o vento gelado compôs a atmosfera daquela manhã em equipe com as nuvens que se encarregavam de nublar o céu.
não sei se é sempre assim, mas suponho que seja — as manhãs de domingo no meu bairro são excepcionalmente solitárias e silenciosas. enquanto caminhava pela rua praticamente vazia procurando uma padaria que eu não sabia exatamente onde ficava, notava alguns transeuntes; alguém lavando um carro na beira da calçada, alguém indo pro trabalho (apesar de ser domingo), alguém fazendo algum reparo no muro etc. etc.
às vezes, mesmo em companhia umas das outras, as pessoas permaneciam em silêncio. mesmo os assíduos clientes do bar e os pentecostais da ebd, protocolarmente posicionados em lados diametralmente opostos da mesma rua, pareciam ter selado um curioso pacto de redução de ruído.
essas primeiras horas silenciosas da manhã, tem algo nelas.
algo capaz de esvaziar e preencher ao mesmo tempo.